Onde fica o verdadeiro Túmulo de Jesus?

Está chegando a Páscoa, me veio a lembrança um vídeo. Ele falava sobre o Túmulo de Jesus, qual seria o verdadeiro local, tem como saber?

Como já disse, amo história. Resolvi, então, trazer algumas evidências para ajudar com esta pergunta.

Caso queira entender o dia a dia da Pascoa, dê uma olhada aqui.

Até hoje, são conhecidos dois locais que podem ser este local sagrado: o Santo Sepulcro e o Jardim do Túmulo. Vou listar as evidências que consegui encontrar em pesquisas.

Vamos começar!

Dúvidas

Sepultamento

No século I, àqueles que eram submetidos à crucificação eram deixados expostos para servir de exemplo a todos. E então, como Jesus pode ter sido sepultado?

No Museu de Israel existe um ossuário do século I. Ele pertence a um criminoso que foi crucificado e enterrado no túmulo de sua família. Ainda podem ser vistos os ossos dos seus pés com os pregos. Prova que existiam exceções e Jesus poderia ter sido sepultado.

Ossuário é o local onde são colocados os ossos ao serem retirados do túmulo.

O pode ser possível, segundo João, pois José de Arimatéia pediu diretamente a Pilatos para que lhe fosse entregue o corpo de Jesus, e o sepultou em um sepulcro novo de sua propriedade.

Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus. Rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus.

João 19:38

Muros da cidade

Segundo a tradição judaica, não é permitido sepultamento do lado de dentro dos muros da cidade. Como então o túmulo de Jesus seria no Santo Sepulcro, já que fica na parte de dentro do muro que cerca a cidade?

Os historiadores acreditavam que existia um muro anterior, mais interno. Mas não tinham encontrado nenhum resquício.

Mas, no final do século XIX, em suas escavações, Magen Broshi encontrou parte de um muro hasmoneu, próximo da igreja. Assim foi possível provar que o Santo Sepulcro ficava fora dos muros da cidade na época de Jesus. As escavações continuaram e foi encontrada a “Porta do Jardim”. Este achado é um indício que ali possivelmente existia um jardim como o local onde era o sepulcro.

Jardins

Se formos pensar nas escrituras sagradas, apenas o Jardim do Túmulo seria aceito como verdadeiro. Porém é preciso levar em consideração todas as reconstruções e destruições pelas quais passaram Jerusalém, e em particular, o Santo Sepulcro, tornando impossível que se saiba exatamente como ele era.

Adriano, imperador romano entre 117 e 138, construiu sobre o suposto túmulo de Jesus, um templo pagão, que foi destruído por Constantino, imperador bizantino entre 306 e 337, e sobre ele construído a primeira versão do Santo Sepulcro, que foi danificada em 614 d.C. em uma invasão persa.

Reconstruída pelo imperador bizantino Heráclio após a retomada da cidade. Em 1009 d.C., o califa Aláqueme Biamir Alá mandou que fossem destruídas todas as igrejas de Jerusalém, e mais uma vez afetou o Santo Sepulcro apenas seus pilares que datavam da época de Constantino sobreviveram, este foi um dos motivos das Cruzadas.

Depois de muita negociação, o filho de Aláqueme permitiu que a igreja fosse restaurada, mas com investimento do império bizantino. Esta igreja é basicamente a que se tem até hoje. Em 1099, os Cruzados conquistam Jerusalém e tomam posse da igreja.

Ou seja, depois de tantas mudanças é impossível ter certeza de como era o local na época de Jesus.

Evidências

Arqueológicas

Santo Sepulcro

Vamos ter que voltar um pouco no tempo para entender melhor.

Ano de 130 d.C., Adriano, imperador romano, cansado de lidar com os judeus revoltosos que não aceitavam seu comando, decidiu encobrir as referências cristãs e judaicas, para que pudesse converter Jerusalém em uma cidade pagã. Alguns são:

  • mudou o nome de Jerusalém para Aelia Capitolina;
  • construiu um templo pagão dedicado a Júpiter no antigo Templo de Jerusalém; e
  • construiu um templo pagão dedicado a Vênus/Afrodite sobre o local que era reconhecido como o túmulo de Jesus.

Mais para frente, durante o domínio Bizantino em Jerusalém, Helena, uma católica recém convertida, mãe do imperador Constantino, fez uma peregrinação à Terra Santa na intenção de encontrar relíquias cristãs. E é exatamente este empenho que a fez chegar até o local.

Helena convocou historiadores, que descobriram várias inscrições cristãs nas escavações, provando que este era um local de peregrinação. Foi então construída a primeira igreja no local onde fica o Santo Sepulcro, por volta de 313 DC.

Pra conhecer um pouco mais sobre as descobertas de Santa Helena veja o link.

Pelas Escrituras, podemos entender, que perto do local da crucificação passava uma estrada na época. Esta estrada pode ser confirmada arqueologicamente.

Os que passavam o injuriavam, sacudiam a cabeça e diziam: “Tu que destróis o templo e o reconstrói em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”

Mateus 27:39

A Bíblia também relata um terremoto, que causou uma fenda na rocha próximo ao local da crucificação. Segundo a tradição, existe uma fenda próximo ao Santo Sepulcro, que pode ser vista, em parte, através de um vidro de dentro do local.

Esta mesma tradição diz que o sangue de Jesus escorreu por esta fenda até chegar ao crânio de Adão e assim selar a Nova Aliança.

Contrariando a tradição oral, escavações feitas para expor mais a pedra, mostraram algo diferente. Seria na verdade, um pedaço de pedra, rejeitado de uma pedreira, provavelmente da Idade do Ferro, por conta dos artefatos encontrados. Que seria, anterior a Jesus. 

Sepulcros encontrados em escavações no entorno da Igreja do Santo Sepulcro, foram datados como sendo do século I d.C., o que dá indícios que ali haviam ali túmulos novos, como seria o de Jesus.

Na década de 70, a veracidade do Santo Sepulcro foi questionada após serem encontrados restos de um foro, em escavações, que estava sob o templo pagão feito por Adriano. Porém a resposta veio dos escritos do historiador da igreja, Eusébio de Cesaréia, do século IV. Ele relata que Adriano construiu sobre o local de veneração cristã, uma grande plataforma: “Escondendo a caverna santa debaixo deste montículo volumoso”.

Se quiser conhecer um pouco mais sobre Eusébio e sua importância, de uma olhada neste link.

Jardim do Túmulo

Diferente do Santo Sepulcro, o Jardim do Túmulo, foi descoberto tem bem pouco tempo, em 1867 por historiadores, Mas só foi dito como de Jesus em 1883 pelo General inglês Charles Gordon.

É verdadeiramente um jardim. O local e a sepultura se parecem muito com os relatados na Bíblia e fica em uma rocha de calcário, que anteriormente tinha um relevo em formato de caveira esculpido em uma de seus lados. Além disso, foi encontrada uma inscrição bizantina cristã, provando que aquele era um local de adoração.

Nas proximidades do jardim, em 1924, foi encontrado um grande lagar (lugar onde se pisa frutos para separar a parte líquida), que poderia ser da propriedade de José de Arimatéia. É sabido que ele era uma pessoa muito rica.

Em contrapartida, os arqueólogos Gabriel Barkay e Amos Kloner, descobriram que este túmulo fazia parte de um grupo de outros túmulos que datam da Idade do Ferro, séculos VIII e VII a.C., o que inviabiliza que fosse um tumulo novo como é dito na Bíblia.

“No lugar onde Ele foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.”

João 19:41

Históricas

Santo Sepulcro

Quando Helena chegou a Jerusalém, foi esta tradição que lhe foi passada, de que o local onde hoje existia um templo era onde Jesus havia sido crucificado e sepultado. O chamado Gólgota ou caveira, que é citado na Bíblia. Uma referência a tradição que dizia que o crânio de Adão estaria sob o monte.

O local é cuidado por 6 denominações cristãs: Gregos Ortodoxos, Católicos Romanos, Armênios Ortodoxos, Franciscanos, Sírios Ortodoxos, Coptas Ortodoxos e Etíopes Ortodoxos. E não se enganem é uma administração confusa e repleta de problemas.

Jardim do Túmulo

Através de uma tradição oral descobriu-se que neste local aconteciam execuções por apedrejamento e, então, provavelmente, também por crucificação.

Após a descoberta do local no século XIX, e a constatação do general inglês Charles Gordon, este sepulcro foi aceito pela comunidade cristã protestante como o verdadeiro de Jesus.

Conclusão

Para mim, é impossível ter certeza do local, posso pender para um deles apenas.

No fim, não há diferença, se o Santo Sepulcro ou o Jardim do Túmulo são reais. O mais importante é a fé. É crer. Seja onde for, Jesus Cristo não está mais lá, porque Ele vive! É nisso que eu acredito!